Em uma década e meia de trabalho no futebol, sempre na cobertura dos grandes times de São Paulo, nunca vi um jogador pisar tanto em diretores, técnicos e companheiros e seguir intocável num clube. No entanto o reinado do atacante Kleber acabou nesta semana no Palestra Itália e posso, enfim, dizer: Já vai tarde, Gladiador!
É verdade que o rompimento de Kleber com a diretoria e com o técnico Luiz Felipe Scolari foi até por uma “boa causa”. Explico: a gota d’água para o transbordamento na relação das partes se deu devido ao “motim” que o jogador tentou promover dentro do grupo de jogadores após o incidente envolvendo João Vitor e integrantes da principal organizada do clube. Com o triste episódio, Kleber buscou mobilizar os companheiros para que não enfrentassem o Flamengo, no Rio, numa atitude de protesto. Isso resultou num bate-boca do jogador com diretores e o técnico Felipão e a relação azedou de vez.
Para mim fica claro que Kleber usou o incidente para cavar de vez sua saída do clube. O desejo do jogador não era mais continuar no Palestra Itália. E isso ficou claro desde o assédio do Flamengo, há cerca de dois meses, quando o jogador pediu para ir embora, porém Felipão e diretoria o seguraram. Kleber seguiu no clube, porém a contragosto.
Agora foi feita justiça, ou melhor, a diretoria do Palmeiras, enfim, provou quem manda no clube. E Felipão resolveu também agir após ser peitado pelo jogador durante a tentativa de "motim".
Num bate-papo com a psicóloga Kátia Rubio, especialista em psicologia no esporte, fui alertado que existem pessoas com dificuldades em conviver com regras. Diante das atitudes de Kleber, lembrei na hora desta entrevista com a psicóloga, pois o atacante se enquadra perfeitamente neste grupo de rebeldes.
Na primeira passagem de Kleber pelo Palmeiras, eu era setorista do clube e acompanhei de perto o esforço de Vanderlei Luxemburgo para manter o jogador focado no trabalho e distante das polêmicas. Mesmo assim Kleber foi expulso uma porção de vez, além de ser acusado de tentar atropelar um rapaz na saída de uma boate, entre outros problemas extracampo.
O Gladiador vai se desligar nos próximos dias do Palmeiras. No entanto seu desemprego não deve durar muito tempo, principalmente se o Palmeiras facilitar sua saída. Será a prova de que os dirigentes não aprendem mesmo com os erros.
As atitudes de Kleber no Palmeiras deveriam fechar as portas dos outros clubes para o jogador e não o contrário. No entanto àqueles que comandam as agremiações não levam em consideração a relação "custo x benefício", por isso queimam o dinheiro dos clubes de forma irresponsável.
No caso de Kleber só quero ressaltar que o atacante sempre teve tratamento de craque no futebol brasileiro, porém de forma equivocada, uma vez que tem no currículo apenas um campeonato paulista e um mineiro, muito pouco diante do tamanho da badalação e do salário que recebe nos clube que atua.
Já seus defensores salientarão que o jogador atuou por muitos anos na Ucrânia, por isso a ausência de títulos por aqui. Cascata... Para mim Kleber é um jogador guerreiro. E só. E significa mais problema do que solução para um time de futebol. Os números provam isso. Palmeiras se livrou de uma dor de cabeça (Salgueiro FC).
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